Recuperação de solos

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Marcos Vagalume

Publicação original na coluna Fala Vagalume! publicada pela BambuSC

Fala Vagalume! - BambuSC

Olá bambuzeiros!

Lá vamos nós para mais um Fala Vagalume! Hoje quero compartilhar minha experiência na recuperação de solos com o plantio de bambu.
Quando comprei o Sitio Vagalume, em 2003, iniciei um plantio de bambu e espécies nativas em uma área recém queimada para uso pastoril.
Já tinha visitado plantios de bambu em áreas semelhantes com resultados muito animadores, mas
no Vagalume o desafio era enorme… solo pedregoso, ácido, com grande declividade…. e o clima da Serra Catarinense…com geadas frequentes de maio a outubro e até ocorrência esporádica de neve!!

Então mãos à obra!!

Primeiro analisamos o solo e pesquisamos a pluviosidade da região…. assim definimos que tipo de ajuste precisamos implantar no solo e se há necessidade de irrigação para o plantio.
A pluviosidade de 2200mm anuais permitiu que o plantio não dependesse de irrigação, mas a análise do solo foi preocupante….
Assim foi feito o preparo do solo com adição de calcário e matéria orgânica dos animais dos sítios
vizinhos…além de plantio de adubação verde de inverno e verão.
Em seguida precisamos escolher as espécies a plantar.

Que tipo de bambu se adapta a esse clima??

Os mais adequados seriam os alastrantes, que são originariamente adaptados a climas frios, mas plantar bambus considerados invasores estava fora de cogitação…um grande risco ambiental!

E as espécies entouceirantes?

Essas são originarias de climas tropicais, qual delas se adapta ao clima frio??

Quais os usos do bambu no futuro?

Essas perguntas são fundamentais para a escolha das espécies…uso para alimento (brotos de bambu), para serviços gerais na propriedade rural, para artesanato, móveis, construção, biomassa…

Decidi apostar na espécie Bambusa oldhamii, que é entouceirante, suporta baixas temperaturas e tem inúmeros usos desde alimento até construções. Além dele, optei por testar várias espécies, ter uma coleção que permitisse criar um viveiro de mudas e desenvolver o plantio das espécies que mais se adaptassem ao local.

Dendrocalamus asper, Dendrocalamus latiflorus, Guadua agustifolia, Guadua chacoensis, Bambusa tuldoides e Bambusa multiplex foram as espécies escolhidas.


Onde encontrar as mudas?

Naquela época, 2003, sem Google, acabei encontrando o Professor Marco Pereira na UNESP de Bauru, que tinha um projeto de plantio de bambu e implantou um viveiro de mudas. Lá fui eu de caminhonete, 1400km do sítio buscar as mudas!!
O plantio foi trabalhoso, os animais dos vizinhos invadiram a área várias vezes e comeram os brotos, épocas de seca….mas o bambu é uma planta guerreira,
resistente!

Plantamos também espécies nativas principalmente a bracatinga, que tem rápido crescimento, melhora o solo e tem vida útil curta, de 8 a 12 anos, produzindo uma massa verde que protege as mudas no início, tem características melíferas e depois vai ser usada como lenha.
E os anos foram passando…os bambus se adaptando e se desenvolvendo. Os Guadua angustifolia não se adaptaram, os Dendrocalamus asper sofreram muito nas geadas e quase morreram na neve de 2013, mas as outras espécies cresceram vigorosas!!


Hoje o bambuzal está lindo, o solo fértil, coberto e protegido por uma espessa camada de folhas dos bambus!!